Projeto “in-Sur-gente” transforma resíduos em aprendizado e reflexão na EJA da EM Manoel Coelho

A segunda-feira (20), na EM Manoel Coelho foi marcada pela apresentação do projeto "in-Sur-gente", com uma oficina de audiovisual expandido e ecologia de criação que demonstra na prática os objetivos do Programa Municipal de Apoio à Economia Criativa. Ministrado pelo artista visual Vita Evangelista, o projeto é voltado para os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e transforma lixo, resíduos e ruínas em ferramentas de criação e reflexão.

Contemplado pelo edital municipal, o "in-Sur-gente" vai além da produção artística convencional. Ele propõe uma "ecologia de criação" onde os próprios descartes da sociedade – latas, plásticos, objetos quebrados – são elevados à categoria de "arquivos vivos do tempo e do território". A proposta é usar esses materiais não como matéria-prima bruta, mas como pontos de partida para discutir consumo, exclusão, desigualdade e, sobretudo, reinvenção.

A oficina se configura, assim, como um desdobramento prático da economia criativa fomentada pela Prefeitura. Mais do que um incentivo financeiro, o programa apoia iniciativas que geram impacto social e pedagógico, inserindo a comunidade em cadeias produtivas sustentáveis e significativas. O ato de criar com o que foi descartado é apresentado como um gesto de resistência e uma forma de fazer política com as mãos, permitindo que os estudantes se reinscrevam criticamente no presente.

Nas dinâmicas, os estudantes são convidados a recolher, observar e, finalmente, transformar os materiais e seus significados, convertendo resíduos em narrativa. O espaço da escola se torna um local de "reesistência" – termo que une resistência e existência –, onde o olhar é desacelerado e o gesto manual se transforma em pensamento crítico.

A iniciativa na EM Manoel Coelho é um testemunho de como os editais de economia criativa podem fertilizar o terreno da educação, promovendo uma interseção potente entre arte, educação e cidadania. O "in-Sur-gente" não ensina apenas a fazer arte; ele propõe uma nova maneira de ver, pensar e habitar a cidade, provando que a criatividade é um dos mais importantes recursos para a transformação social.